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segunda-feira, 23 de maio de 2011

OYA T’IGBÓWÀ

OYA T’IGBÓWÀ
(Oyá – Aquela que vive no mato)

 Por: Mógbà Rudi Omo Sàngó

Oya é o Òrìsà que vive no rio Níger (África), conhecida como Oya-odo. É dona dos ventos fortes, dos tornados, das tempestades e das enchentes de rios, por esse motivo é feito um altar para Oya, para que proteja nosso espaço urbano (aldeias, bairros, etc.) dos desastres que provocam os tornados, os ciclones e as enchentes. Quando falamos de Yánsàn estamos também falando de Oya, mas com outras qualidades, que adquire no delta do Níger, como na sua divisão em 9 braços para desembocar no mar e também como uma Oya que se transforma para trabalhar com os mortos no mar, local esse que muitos séculos atrás eram enterrados os mortos por não haver cemitérios, e trabalhando nas encostas onde sempre sopra o vento. Uma outra qualidade de Oya é Ní’kè, querendo dizer: “Existe no alto”, onde o vento sopra no alto das montanhas, alto das árvores, alto do bambuzal, etc.

Para os Yorùbá o espaço mato é o local tanto sagrado, como perigoso, pois nele são enterrados os mortos, em locais bem afastados dentro de um mato fechado, local onde habita Oya T’igbówà” que traduzido significa: (Oyá vive no mato).

No Batuque Oya T’igbówà está associada também ao mato, mas principalmente ao cemitério, pois na nossa cultura existe local adequado para esse fim. Tanto Oya ou Yánsàn, tem diversos caminhos nos quais variam muito sua modalidade de trabalhos, mas o que nunca muda é seu caráter guerreiro. Oya é a “Mãe dos Epa” (ancestrais guerreiros divinizados), por isso dizemos que é mãe dos Eégun e os domina, e sua saudação “Eepà yeyò" significa: “Alegre-se mãe dos Eepà”. Oya é descendente do clã dos Òrìsà funfun guerreiros (filha de um dos Obatàlá), mas ao casar-se com Ògún, passou a integrar a família deste (pois assim mandava a tradição Yorùbá). Seu verdadeiro marido é Ògún. Quando vive com Sàngó chama-se Yánsàn, e sobre isto também há um Itán-ifá (história de ifá) que conta como Oya se transforma em Yánsàn (mãe convertida em nove) dizendo que quando ela fugiu com Sàngó, Ògún travou uma grande luta com ela e a dividiu em “nove” e ela o dividiu em “sete”. Com Ògún, O teve “oito filhos”, todos nasceram mudos, essa expressão conota e nos dá a explicação que todos esses eram mudos, simbolicamente explicando por não terem sido lembrados, nem tão pouco alcançado a dádiva de tornar-se “Eégun”.  Esses oito primeiros filhos de Oya não podiam comunicar-se do Òrun (Além), por isso dizia que eram mudos, sendo os mesmos associados ao próprio mato, onde permaneceram.


Segue relação de 8 filhos de Oya:


1)     Imalega - Nasceu no primeiro dia do Ebo Ikú, arrancado do ventre de Oya pelas Ìyámi, e foi envolvido em panos. (Aqui demonstra claramente que trataria-se de um Àbíkú, onde morreu ainda prematuro, não podendo ter transformando-se em Eégun.

2)     Yoruga - Foi envolvido na palha seca e alimentado com talos de bananeira. Nasceu com a vaidade de Oya e é o preferido. (Aqui também dá conotação que o mesmo continuou existindo como espírito da floresta).

3)     Akuga - Nasceu no terceiro dia da tempestade e foi criado nas touceiras de bambú. É rebelde. Não se deve tocar o chão do bambuzal. (Aqui também faz entender que o mesmo continuou vivendo na floresta, não alcançando seu caminho de destino "Òrun”.

4)     Uruga - Alimenta-se das folhas da bananeira e esconde-se nas florestas. Faz buracos. (Idem)

5)     Omoruga - Alimenta-se do pó do bambú que está caído no chão. Vive no milharal e fica escondido nos bambuzais observando os seres humanos. (Idem)

6)     Demo - Oya cobriu-o de lama para saber os segredos de seus inimigos. Usa pele de búfalo para acompanhar Ode. (Permanecendo na floresta).

7)     Reiga - Acompanha os mortos e ronda os cemitérios. Esconde-se nas grandes árvores dos cemitérios e ronda as sepulturas a procura de objetos perdidos ou esquecidos pelas pessoas. (Idem)


8)     Heyga - É violento e vive perseguindo o “Orí” do ser humano. Propicia desastres e desordens. (Aqui seu filho além de não alcançar o poder de tornar-se antepassado venerável, acaba virando um soldado “Ajogun”.

Após 8 filhos sem sucesso, Oya procura Bàbálawo para saber como poderia ter um filho que não fosse mudo, ou seja, que pudesse ser lembrado e ainda que comunicasse do além com seus descendentes. Bàbálawo diz a Oya que teria que ser possuída por um homem com determinada agressividade e que fizesse ebo. Oya fez e conheceu Sàngó que era a descendência convertida na terra, Sàngó seria lembrado e seus filhos também. Da união dos dois, nasce o 9º filho.

9- Egúngún- Filho de Sàngó e Oya. Esse último dá inicio a descendência e a origem do culto Egungun em Oyo. Aqui Oya passa a ser chamada por Yánsàn: “A mãe dos nove” e também “A mãe dos Eégun”.


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