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quarta-feira, 18 de maio de 2011

O ALÀÁFIN DE OYO - ARTIGO DA REVISTA INGLESA FOCUS (ENTREVISTA)


Ele, o ALAAFIN do REINO de OYO , Alaiyeluw a Oba (Dr.) Abdul Hameed
Olayiw ola Adeyemi III , é um monarca com classe. É um enigma para qualquer
refeência e a oportunidade de encontrá-lo é como uma aventura através de
uma aula de história.
Esse monarca essencialmente urbano, que trabalhou como corretor de
seguros antes de atender ao chamado natural dos deuses, através do
Oyomesi para subir ao trono de seus antepassados como Alaafin do maior
reino da historia da raça negra- O Reino de Oyó - é um homem sempre a
vontade consigo mesmo , e que exala confiança em todas as suas ações.
Uma das caracteristicas brilhantes desse grande monarca é o profundo
conhecimento e precisão para recontar eventos históricos com personagens e
fatos; e com uma precisão que surpreende a imaginação da jovem
intelectualidade.
O Alaafin apesar de sua idade, ainda se lembra de fatos ocorridos a mais de
cem anos atras, e ainda escreve seus roteiros sem ajuda. Ele é um leitor
consumado que poderá passar qualquer dia por um mestre de historia e
arqueologia moderna e antiga.

Ele conversou recentemente com a equipe editorial da Focus, em seu amplo
palacio, de uma variada gama de assuntos, concentrando-se principalmente
na rica herança do reino de Oyó. Sejam bemvindos nessa excursão histórica!

FOCUS:
Kabiyesi , nos gostariamos que voce recontasse a história do famoso reino de
Oyó para o proveito de suas crianças na Diaspora.

ALAAFIN:
O velho Império de Oyó foi uma das primeiros e provavelmente , a maior raça
independente na Africa ocidental, ao sul do equador.No auge de sua existência
, o velho Império dominava todos os reinos Iorubás como Ifé, Ijesha, Egba,
Ijebu , Sabé e Ow u. A área ocupada pelo reino Iorubá no sudoeste da Nigéria
esta contida aproximadamente na latitude de 5 a 8 graus ao norte do equador
e 5 a 21/2 graus de longitude ao leste. Existem duas versões para a origem
da raça Iorubá- a Migração e forma Aborigine. Essas duas teorias não são
nescessáriamente contraditórias pelo fato de que nossa tradição oral foi
trazida por povos essencialmente estrangeiros.
Mas esse fenomeno é universal uma vez que voce pode ter ao mesmo tempo
brancos na Africa do Sul ; as Rodesias do sul e do leste , convivendo juntas ha
muito tempo. A mesma experiência esta registrada no caso das migrações ,
pelas evidencias históricas e empiricas documentadas nas famosas conferência
das series Lugard, assim como nas pesquisas de Saburi Biobaku (um
historiador reverenciado mundialmente) que a raça Iorubá é tão grande e
espalhada, que ainda se considera nos dias hoje em dia como um dos maiores
e mais fortes impérios que ja existiram , em todo continente africano.
O reino de Oranmiyan marcou uma nova etapa na história Iorubá, por
testemunhar a transferencia do poder politico de Ile - Ifé para Oyó , e dai em
diante Oyó tornou-se o centro politico da raça iorubá, aonde governa o Alaafin.
De acordo com estudos históricos, estima-se que o palácio de Oyó tenha tido
uma área de aproximadamente 640 acres de terra. Ainda temos escavações
do velho Império de Oyó, e algumas das paredes ainda estão de pé na sua
forma original , durante todos esses séculos. Esse é um grande testemunho
da engenhosidade arquitetônica da raça Iorubá.
O velho império Iorubá distinguiu-se dos demais por tres motivos principais .
Primeiramente desenvolveu uma Constituição magnífica , apesar de nunca ter
sido escrita. O povo era governado por uma forte cupula.
Em segundo lugar ois iorubas, desenvolveram um sistema militar que lhes
permitiu aperfeiçoar o material bélico. Os Iorubás forma os primeiros ferreiros ,
construindo as primeiras fundições onde também produziam implementos
agrícolas para expandir a produção de alimentos.
Em terceiro lugar desenvolveram um metodo bastante prático de
administração , adotando um sistema de governo de gabinete.Se voce
conhecer a historia da Constituição Britânica, ira perceber que o sistema de
gabinetes surgiu apenas como uma forma de expediente temporario, e não
por designio. Portanto , voltando ao seculo XVI, foi no velho Imperio de Oió é
que foi criado o sistema de governo por Gabinete . E do Primeiro Ministro ao
Alaafin , dos vários chefes de divisões , todas as camadas tem suas funções e
responsabilidades claramente definidas, e mantidas com separação de
poderes, fiscalização e balanço.
A estrutura do comando militar é tão exepcional, que os Aare Ona Kakanfo ,
generalíssimos do poderio militar , tenham conduzido com sucesso os
generalíssimos do poderio militar , tenham conduzido com sucesso os
senhores da guerra de Oyó nas muitas batalhas entre os seculos XIII e XVI
para presevar a integridade territorial da raça Ioruba.
Durante esse tempo , Oyó estendeu suas fronteiras ate os limites de nupe ,
Dahomé, Abomé, Wema, e outras partes do Togo. Esses povos são as atuais
crias do grande reino Iorubá.

FOCUS:
Pode-se dizer que essas áreas anexadas foram parte de um plano
expansionista?

ALAAFIN:
Eu não vou dizer que seja . Mas veja voce, se estiver rodeado de vizinhos
hostis, tem que estar vigilante. Treinamos nosso exercito para defender todas
agressões externas, assim como para proteger a nossa integridade territorial
para termos paz e prosperidade economica. E para os Iorubas que são
comerciantes natos , caminharem ate seus negocios sem sentirem-se
inseguros , enquanto houvesse um Alaafin governando, haveria necessidade
de espalhar nosso poderio militar para proteger nosso povo em toda parte.
Quando o Dahomé, atacou a pequena provincia de Wema em 774, os chefes
reais refugiaram-se em Oyó para se proteger .
O Alaafin teve que organizar forças para recapturar a cidade , e foi assim que
naquele tempo, o Dahomé ficou sob o controle do Alaafin.
Isso não podia ser chamado de expansionismo, e sim a resposta para a
agressão por outras forças que ameaçãvam a existencia das pequenas
províncias.Se voce ler nos livros de história , vai perceber que a mera menção
de " Alaafin ou Oyó " causava medo nas cidades vizinhas.
Devido a sua rica história cultural , politica, linguistica e tradicional, ha muitas
coisas que Oyó proporcionou para a nação Iorubá. A lingua que falamos é a
autentica versão do dialeto Iorubá, os tambores, as roupas que usamos, a
maneira como construimos nossas casas, nossos engenhosos sistemas de
corredores, e nosso sistema de drenagem que foi criado ha muitos seculos
atras. Pode-se dizer que a civilização se iniciou com a raça Iorubana. Os
iorubas estebeleceram contato com os ortugueses nos idos do seculo XVII , e
o Alaafin manteve seu embaixador na corte de Portugal desde então.

FOCUS:
Kabiyesi, voce disse que a civilização começou aqui. Poder-se-ia dizer que os
Iorubas eram Oyó e vice versa?

ALAAFIN:
Os Oyós não eram chamados originalmente de iorubas. Outros grupos da raça
ioruba , se designaram naquele tempo, (séculos atras) como Egbas , Ijeshas e
quaisquer nomes que preferissem. Mas no seculo XIX , não havia mais motivo
para forjar um terreno comum e ter um padrão linguistico, portanto o dialeto
Oyó foi adotado por todos Iorubas. Por isso os Iorubas são Oyós na sua
origem.

FOCUS:
Muitos jovens Iorubas acham que uma cidade como Ilorin deveria estar sob o
reino de Oyo. E recentemente alguns chefes foram promovidos como chefes
tradicionais mais conceituados. Qual é o ponto de vista de Kabiyesi?

ALAAFIN:
Veja voce , a agua vai sempre encontrar o seu nivel , e a história é muito
potente, mesmo que tentemos faze-la submergir.É como água e sangue, e
voce também sabe que sangue é mais denso que a água. Ilorin foi sempre
uma cidade Ioruba. Afonjá foi enviado como generalissimo dos soldados
Iorubas, para proteger e aquele lado do reino de Oyó, da invasão dos Fulani e
dos Nupes.
Por algum motivo ele se tornou muito ambicioso e convidou os grupos
dissidentes para o seu campo, excluindo-se dos grupos étnicos maiores.
Percebendo que ele os havia traido, o contingente ioruba organizou um golpe
e o depôs .
A história de Ilorin está bem documentada. Não ha lugar nenhum na Africa que
voce possa encontrar um Fulani reclamando a posse de Ilorin. a lingua, a
cultura, nomenclatura, e mesmo as tradições de Ilorin são Iorubas.Não ha
disputa sobre esse fato empirico.

FOCUS:
Como é que vossa Majestade administra esse amplo palácio ? Recebe fundos
do governo e por qual motivo esse palacio não desenvolveu o status de
atração turistica ?

ALAAFIN:
Bem , eu escrevi muitos memorandos para o governo declarar esse palacio um
monumento nacional. Primeiramente como a principal atração turística e além
disso para o povo. Podemos perceber de longe ingenuidade arquitetonica do
nosso povo , portanto todas essas coisas não estão perdidas, para o beneficio
das gerações atuais e vindouras.
Quando o professor Armstrong (um americano) que foi o diretor do Instituto de
Estudos Africanos de Ibadan , leu o memorando , ele veio aqui .Eu o conduzi
pelo palacio , e pelos subterrãneos que permitem ao Alaafin circular sem ficar
exposto aos raios de sol e a chuva. Ele ficou maravilhado, e
subsequentemente enviou um relatorio para o Museu Nacional, mas por conta
da situação politica no pais naquela ocasião, não resultou em nada.
Ate o momento os governos sucessivos não se decidiram como vão fazer para
preservar essa rica herança da raça Ioruba. Transformar num monumento
nacional ou numa atração turistica, não parece ser a prioridade no momento.
Sua outra pergunta , a administração e manutenção do palacio tem sido tem
ficado nas mãos dos funcionários que trabalham nas divisões administrativas.
E o estado paga o salário do Alaafin , assim como as despesas do palácio . O
Alaafin não tem necessidade de gastar seu dinheiro para administrar o seu
palacio , se assim quiser.
Mas como se pode notar o palacio é uma mera sombra daquilo que foi no
passado , nos tempos coloniais.

FOCUS:
Qual é o processo de ascendência ao trono do Alaafin ?

ALAAFIN:
Existem duas casas regentes principais , que são reconhecidas para gerar um
Alaafin. No processo de transferencia de poder de um Alaafin, a coroa é dada
para a outra casa regente. O primeiro Alaafin de Oyó, Oba Atiba, formou uma
convenção constitucional dos Iorubas , antes de falecer, para discutir o
processo sucessóriopara que quando morresse a questão sucessória não
fosse interrompida. A conferência concordou que um Aremo ( principe coroado)
que normalmente morreria junto com seu pai, não seguisse mais essa antiga
tradição.E se fosse capaz e valoroso pelos Oyomesi ( os fazedores de reis)
para ser indicado como Alaafin, ele seria coroado. Outros aspirantes ao trono
elegíveis e vistos pelos Oyomesi como qualificados para carregar
responsabilidades pesadas, seriam apontados para a regencia.
Com a morte de Atiba, Kurumi , o Aare Ona Kakanfo daquele tempo (sec XV)
renegou suas atribuições. Mas outras nações Iorubas discordaram dele, para
que a sua indicação fosse sustentada. Isso motivou a guerra de Ijaiye, que
ceifou a vida dos Kurunmi e todos seus cinco filhos. Por esse motivo a
sucessão do trono voltou-se para as duas principais casas regentes Ladigbolu
e Adeyemi.

FOCUS:
O que Kabiyesi pensa que é necessário fazer para tornar mais relevante a
instituição tradicional para a sua nação em termos politicos ?

ALAAFIN:
A instituição tradicional tem contribuido para o discurso politico da nação.
Alguns de nos tivemos problemas , especialmente durante a era Abacha, por
sermos muito audaciosos e francos. Apesar de nosso oficio como Oba não
participar em politica , nos fazemos relevantes na realidade politica do pais
oferecendo conselhos construtivos aos lideres.
Nos temos canais atraves dos quais atingimos as autoridades.Usamos tanto
diplomatas quanto contatos pessoais para darmos nossas sugestões , com a
finalidade de aprimorar a nação. Fica para eles a decisão de aceitar e agir por
esses aconselhamentos.
Retirando do rico reservatorio de conhecimento e sabedoria dos nossos
antepassados, Eu acredito que estamos estrategicamente colocados para
fornecer aconselhamento para os que estão no poder, e guia-los para
tomarem boas decisões. Isto porque , ontem hoje e amanhã estão
ciclicamente relacionados. Hoje é o futuro de ontem, e para amanhã , hoje
será o passado, portanto para que sejamos relevantes, olhamos
substancialmente para aquilo que aconteceu no passado e dai retiramos
nossas sugestões.
Não estamos competindo com nossos filhos e filhas que detem o poder politico
na atualidade, mas numa democracia, onde a utilidade de nossas soluções
pragmaticas para problemas, da maneira como foram experienciadas pela
instituição tradicional, não deve ser sobre enfatizada. A instituição tradicional é
bastante relevante nesse esquema , porque está mais proxima das raizes,
onde reside o poder das massas.Os governantes tradicionais são
reverenciados e tomados em alta estima, tendendo a ter mais aderencia e
controle sobre a população.
Como pais tradicionais da nação não cessaremos de aconselhar
concretamente e sugerir para as autoridades, no beneficio de nosso povo. É
com eles escutar-nos ou agir de outo modo.


FOCUS:
O que VM. fazia antes de ascender ao trono de seus antepassados ?

ALAAFIN:
Eu era um corretor de segurosantes de me tornar o Alaafin de Oyó. O concurso
para a minha indicação para Alaafin começou em 1968. Fui convidado junto
com dez outros candidatos de minha casa regente que concorriam para a vaga
no trono. Minha candidatura foi aprovada pelos canais competentes, ( atraves
de Babayaji, que é o cabeça mor da princesa) . Ele nos levou para Oyomeji
analisar e passamos por uma serie de procedimentos.
Ha tres parâmetros pelos quais somos julgados. O primeiro é a elegibilidade,
que é a nossa proximidade com a coroa. Em segundo lugar a popularidade, e
em terceiro a a capacidade de carregar a responsabilidade no oficio de Alaafin
de Oyó. Fomos colocados diante de uma rigorosa observação e questionário
no fim dos quais eu obtive sucesso.
Entretanto , o governo na época se recusou de me dar o endosso para minha
indicação, dizendo que o procedimento não estava correto, mas nos sabiamos
que aquela ação era mais politica, devido aos aborrecimentos com meu
falecido pai, quando tinha sido Alaafin.
O processo recomeçou novamente, no entanto Oyomesy me selecionou , e
pela segunda vez Eu fui recusado na aprovação do governo. Uma imensa
pressão foi depositada sobre Oyomesy contra minha escolha porque o
governo tinha investido interesse no seu próprio candidato. Mas Oyomesy
ficou firme ! O processo foi colocado em seguida em ponto morto, até otermino
da guerra civil,quando começaram a afrouxar. E Oyomesi me selecionou de
novo.
Fui escolhido pelos fazedores de reis no dia 18 de Novembro de 1970 e o
governo aprovou e promulgou a minha coroação em Dezembro de 1970, e eu
me mudei para o palácio apos completar os ritos necesários.
Durante o processo , somos introduzidos nos misterios de varios deuses, como
Ifa e Xangô. Também somos preparados para nos tornarmos os
representantes diretos dessas divindades na terra. Voce é iniciado para
aprender os canticos , os proverbios e os Oriki de todos os Obas
antecessores.
Voce tem que ser capaz de conhecer as canções que louvam Ifa, assim como
compreender os sons e os tambores de todo o territorio Ioruba, tais como
Bata, Apekpe, Gangan, Dudun, Shekere, e Agogô. Somente após o dominio
desses topicos é que voce é coroado.
Fui coroado numa cerimonia impressionante no dia 14 de Janeiro de 1971.

FOCUS:
Kabiyesi, VM. costumava lutar box, ainda pratica?

ALAAFIN:
Eu também corro, jogo futebol, mas as pessoas me conhecem mais pelo box.
Ja obtive premios nestes e noutros esportes. E ainda corro e faço caminhadas.
Faço por volta de seis quilometros diarios quando o tempo permite, e não
tenho compromissos oficiais , nos sabados e domingos. Eu ainda me seguro
bem. E devido solicitação da minha respomnsabilidade , tento não ter
momentos de monotonia na minha vida. Tenho boa saúde.

FOCUS:
Qual a comida favorita de Kabiesy?

ALAAFIN:
Como Amala, Abula e Ogi. Comida normal, simples!

FOCUS:
Existe algum choque entre a sua fé como muçulmano e as solicitações de seu
oficio da tradicional custódia a suas heranças culturais?

ALAAFIN:
A raça Iorubá é das mais organizadas no mundo. Somos liberais no sentido de
que não é permitida à religião galgar o governo.
eu não me incomodo qual a fé que voce pratica, dentro do meu gabinete de
Alaafin, o que me importa é a sua contribuição para melhorar a nossa
comunidade. Isso é essencial.
Como pai de todos o Alaafin pratica sua própria religião sem discriminar
ninguém na escolha de sua inclinação religiosa.
Posso recitar o Corão assim como fazer referências à Biblia. Mas tembém me
sinto à vontade com os sacerdotes de Ifá assim como posso me comunicar com
as divindades de Xangô nas sua próprias linguas.
Sou liberal naquilo que concerne a religião. Mas não brinco com minhas preces
como muçulmano porque eu aprecio muito o Corão. Deve ser do vosso
interesse saber que fui criado num lar estritamente cristão , em Lagos, onde
também frequentei uma escola catolica . Sou uma livre mistura.

FONTE:
Focus Magazine
A civilização começou do reino Iorubá.
Friday, August 22, 2003
London, UK
conve rte d by We b2PDFC onve rt.com
© 1999-2006 NIGERIAW ORLD.COM
http://nigeriaw orld.com/feature/p

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