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Mógbà Rudi Omo Sàngó ***Copyright***
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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

KÀNBÍNÀ NÃO É BANTÚ

Assentamento de Sàngó em Òyó próximo ao palácio do Àláàfin       

 Kànbínà não é Bantú
Mógbà Rudi

      Existem muitas confusões em respeito ao chamado lado de “Kabinda" ou "Kànbínà". Antigamente era mais comum escutar que este lado se chamava Kànbínà, mas acabou perdendo-se devido a intenção de diversos pesquisadores e autores em relacionar a palavra Kànbínà com a Àfrica, gerando grandes confusões por parte dos adeptos do Batuque Sulino. Sabemos que a tentativa de preservar, africanizar e até mesmo defender essa Nação, fez com que perdesse realmente o sentido da Kànbínà, pois acabaram deduzindo que Kànbínà seria uma dança folclórica[1].      Muitos pesquisadores tentaram fazer comparações com os rituais de Kànbínà serem uma mistura de fundamentos do Ijesà, Jéjé e até mesmo do Òyó, gerando grande polêmica aos adeptos do Batuque. Diversos debates acalorados até mesmo no Orkut levantaram grandes contradições, costumes, idioma falado e fundamentos cultuados por Kànbínà, mas ao pesquisar esse assunto com Sacerdotes diretos da Àfrica, me relataram que Kabinda não é um lado Yorùbá, nem Jéjé, tão pouco uma Nação, é um local de Angola onde habitam várias Nações, entre elas os Bakongo (Congos) e Mayombe como grupos mais destacados, sendo todos de origens e crenças Bantús, que na verdade rendem culto aos Bakisi (Nkisi), pois a Kànbínà do Batuque Sulino cultua todos os Òrìsà do panteão Yorùbá, mas deixo uma pergunta no ar: Por quê antigamente chamava-se Kànbínà? Será que os antigos não deixaram esse fundamento? Será que os antigos tiveram dificuldades em preservar fundamentos?
            Gerando mais polêmica ainda, relatos direto da África deixam claramente que o nome correto é “Kànbínà” e não se deve escrever “Kabinda”, pois seu nome deriva da palavra Yorùbá “Òkànbí + ònà” que traduzido ficaria (O caminho de Òkànbí), a primeira vogal “O” não se escreve, nem tão pouco é pronunciada. Kànbínà faz referência aos seguidores do culto dos Reis de Òyó, levando Òkànbí a posição do primeiro Rei de Òyó, devido a escrituras onde relatam que:
Odùduwà uniu-se a Olókun (Senhor dos Oceanos) assumindo a forma de Obá-Olókun (Rei dos Oceanos), tendo três filhos, Ògún, Ìdálè (equivalente a deusa Afrodite) e Òkànbí (deus do fogo). Òkànbí teve sete filhos, dentre eles Òrònmíyòn, que deu continuidade a missão de Odùduwà, na divulgação da Religião dos Orixás, tornando-se o mais famoso dentre todos os filhos por fundar Òyó”.

Nome também de um subgrupo de adoradores fiéis a Sàngó como Òrìsà supremo que também é Rei dentro do Batuque.
         Sendo assim, fica claro que Kànbínà não é Bantú e sim Yorùbá, mais precisamente pertencem a raiz mais antiga do Òyó, sendo uma lástima que os adeptos do lado de Kànbínà, por desconhecer esses fatos, acreditam que tem alguma raiz Bantú e que essa Nação, cujo Rei é Kamuká veio direto da região de Kabinda, onde nunca se ouviu ao menos falar em algum Nkisi Kamuká, mas convido a todos a pesquisarem como Kamùkan, sendo um caminho de Sàngó como tantos outros, mas precisamente um Sàngó cultuado do lado de fora do templo.
       Se analisar bem o sobrenome Barúolofina, encontraremos Barú= (Rei que governou Òyó, muito enérgico e contam lendas que cozinhava inhame com o fogo que saia de suas narinas) + Olófin= (Senhor do Palácio) + Ina= Fogo, ficando “Barú senhor do palácio de fogo”, quem conhece lendas de Sàngó entenderá essa qualidade. Kànbínà é talvez a raiz mais pura e antiga do povo Yorùbá, portanto Kamuká nunca foi nem será um Nkisi e muito menos Bantú.
         De acordo com a crença Yorùbá todos Òrìsà foram em algum momento seres humanos que viveram na terra com exceção de alguns Òrìsà, por essa razão também passaram pela etapa de serem Egúngún até se tornarem Òrìsà, isso aconteceu com Sàngó quando enforcou-se na árvore Ayan, onde seus súditos promoveram seu culto, Kànbínà tem culto direto aos Egúngún devido a cultuar um dos maiores antepassados da Dinastia Yorùbá. Sabendo que a etapa de Eégún vive paralelamente com a de Òrìsà, seguem existindo ambas faces, porque a pessoa está morta, então tem duplo culto: como Eégún e como Òrìsà. Todos Òrìsà com exceção dos Funfun tem caminhos e qualidades de fora do templo, onde trabalham com a feitiçaria, Eégún, Èsù, etc.
      Então todos os Òrìsà podem ser cultuados no lado de fora do Ilé, menos Òsà-nlá. Isso é comprovado no odù Oyekú Mejì me passado pelo Aworísà Omotobàtálá:
Quando os Òrìsà vieram ao mundo, chovia muito, então ao chegar foram improvisados abrigos aos Òrìsà para lhes acolherem, Bàrà se escondeu em uma cabana de palha na entrada da cidade, onde habitariam os demais Òrìsà, Ògún foi para baixo das árvores no mato, Oya se escondeu no bambuzal, Sànpónnà com suas folhas da palmeira improvisou uma cabana e assim os demais Òrìsà, menos Òsànlá que seguindo o conselho que haviam dado os Bàbálawo celestiais, seguiu caminhando lentamente baixo de chuva até chegar no povoado. Ali, como foi o primeiro a chegar, todos pensaram que deviam ser ele o mais poderoso de todos os Òrìsà e o líder, lhe receberam com festejos e lhe deram roupas brancas para secar-se e construíram uma casa para ele.
        Por isto Òsànlá é o único Òrìsà que realmente deve viver dentro de casa, o restante pode ser cultuado do lado de fora do templo. 
Convidamos aos amigos estudiosos, pesquisadores, historiadores para que pesquisem a origem do nome "Gululu", nome este que acreditam alguns adeptos que trouxe a  Kànbínà de regiões Bantús e ensinou Waldemar dos Santos (Patriarca da nossa nação no RS). Procurem o estudo do nome mencionado, onde se encaixaria no idioma Kimbundo e ou Kikongo e depois tentem dar o entendimento dele no idioma Yorùbá, como procurando em dicionários: Gu, Gú, Gù + lu, lú, lù.


[1] Escritor Paulo Tadeu Barbosa menciona que a origem da palavra Kabinda vem de uma região Bantú e que cambina seria uma dança folclórica, conforme seu livro intitulado “Orixá Bará” – 2006, Porto Alegre, Editora Toquí.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Ọlọ́run Edição n° 05 (Kabinda ou Kànbí'nà no RS)

Pessoal,
Saiu a 5ª Edição da revista Olórun recheada de informações que são de suma importância para o crescimento das religiões de Matriz Africana.
Não perca, pois nesta edição traz um assunto que vem causando polêmica através dos anos para o Batuque Afro-Sul, onde tivemos o previlégio de nos deparar com o trabalho de pesquisas do amigo Erick Wolff que ao meu ver só engrandece nosso culto!
Obrigado Erick pelo trabalho de pesquisas que efetuou referente a minha Raíz Religiosa "Kànbí'nà"



http://www.olorun.com.br/site1/magazines.html?view=magazine_more&id=23&b=1







A 05º Edição da Magazine On Line Ọlórun, foi criada para difundir gratuitamente o saber, através da internet poderemos atingir a Tradicional Família Afro-brasileira, levando conceitos, informação, tradição, cultura e o mais importante, "uma gota", para a formação do um “Bom Caráter”.

Desejamos que a 5° edição, possa ajudar nos estudos e a orientar, o neófito e o sacerdote em sua caminhada pela luz, para isso contamos com diversas fontes e culturas, para criar uma revista com a personalidade brasileira.

Que nossos filhos, cuidem daquilo que plantamos nesta terra, que eles nos representem com honra e dignidade

Boa leitura

Redator- Erick Woff∞




sexta-feira, 22 de julho de 2011

VERGONHA PARA POVO DE SANTO...

Bàbá Erick
22 /07/2011

Acabei de ler o livro, Orixás do Orun ao Ayê, editora Marco Zero, considero um livro perigoso para a familia tradicional afro-brasileira, com muitos erros de informação, deixando uma margem de duvida, será que quem leu o livro na editora para aprovar, entende do assunto?O livro visualmente está lindo, parabéns para  a editora pelo belo trabalho e pela qualidade da obra, apesar da entonação sensual, é possível imaginar que foi mais jogo de marketing do que falta de conhecimento.
Porem são muitos itens que contradizem a cultura Yorùbá, não consegui entender de onde retiraram tantos absurdos e o que pensavam as fontes referenciadas para oferecer tais conceitos para o livro? Claro que o autor deve conhecer muito pouco sobre a cultura Yorùbá, entre tantos absurdos registrados por escritores, este livro deve ser um dos piores, sabemos que o único a fornecer o sopro da vida é Ọlọ́run, sem ele não seriamos nada, além de terra e água, segundo os Ìtàn da cultura Yorùbá. Veja os pontos mais críticos desta obra;


E proporcionou ao novo ser o dom de dar a vida a qualquer coisa.(Pg. 12)


Isso nunca ocorreu, não sei de onde retiraram isso!!!!
  1. Feliz com que havia criado e por não estar mais sozinho, Olorun decide criar os orixás.
    a todos Oxalá dava a vida com seu sopro.(pg. 13)

  1. Moldados pelo Deus supremo Olorun e trazidos à vida pelo primeiro orixá, oxalá.(pg. 14)

Outro conceito errado, não é verdade que ocorreu isso!

 
  1. Quem poderia imaginar? Terra firme sobre a água.Eu fiz isso.
    Eu criei a terra!
    (pg. 36)


Odùdùwà não criou o Ayê, ele simplesmente manipulou os elementos.
  1. Nanã diz – è terra molhada do fundo do rio, mas pode chamar de  barro.Oxalá diz – Mas por que você desenterrou essa porcaria, Nanã?(pg. 46)


É um absurdo esta frase.

  1. Olorun diz à Oxalá – Dê a vida também aos defeituosos.(pg. 54)

Jamais Oxalá deu a vida  a ser algum, todos passamos por Ọlọ́run para receber o sopro da vida.

São tantos  erros gravíssimos que encontrei no livro, todos citados acima, levando em conta a responsabilidade e seriedade do mesmo, eu fico preocupado com o que foi publicado...

Mas o mais importante, mesmo, é que jamais foi dado o poder a Obàtálá de dar a vida a ser algum, sendo que este conceito é erradíssimo, pois cabe apenas  a Olódúmarè, reconhecido por toda  a cultura Yorùbá, como o senhor do universo, que jamais concedeu o poder de dar vida  a ser algum nem do Òrun ou do Àiyé, pois o sopro da vida vem direto de Ọlọ́run. E nem uma divindade tem o poder  de animar um ser  vivo ou qualquer divindade, quanto mais criar divindades.

Segundo o comentário do escritor Luiz L. Marins, estudiosos da cultura Yorùbá.

“O conceito está todo errado...
O ayê é a vida no mundo físico, não o mundo físico propriamente dito.
O mundo físico, sem vida, não é ayê, é apenas ilé.
Por isso é que eu afirmo que mesmo no mito de Oduduwa, ele nunca criou o ayê, ele apenas trouxe o ilè.”

Outro fator importante é que na pagina cinco (5), o autor mistura culturas como Bantu, Congo e Angola generalizando com as Yorùbá e Djedje, isso não existe, afinal no Brasil são culturas distintas, no máximo uma Angola que chega a cultua Orixás (Yorùbá), mas  isso está sendo corrigido entre os sacerdotes que estão definindo corretamente o que cultuam em suas casas.

As fontes do escritor foram muito controversas e este livro possui erros gravíssimos, que deveriam ser reconstruídos, antecipando que os brasileiros irão aprender errados os assuntos que foram maus colocados nesta obra.
Note – Òrìsànlá ou Obàtálá foi o primeiro ser criado, assim conta os Ìtàn Yorùbá, sendo que Ọlọ́run, apesar  de o chamarem de Olódúmarè ou Olodumarê, desconheço chamarem de Olodunmaré (sendo que a letra é não seria correto na língua Yorùbá), e Olodun deve ser um grupo de afoxé, que não teria  origem nesta divindade...

Orixás do Orun ao Ayê
Autor: Alex Mir, Caio Majdo, Omar Viñole
Editora: Marco Zero
N. de páginas:978-85-213-1675-6
ISBN:78

quinta-feira, 7 de julho de 2011

ETNOGRAFIA RELIGIOSA IORUBÁ E PROBIDADE CIENTÍFICA



Etnografia religiosa iorubá e probidade científica


Pierre Verger
Revista Religião e Sociedade, nº 8
São Paulo, 1982
ISER, Editora Cortez.


Segue material que acredito ser de suma importância para o entendimento de como se desestruturou a cultura Yorùbá no Brasil, onde muitos conceitos evasivos foram passados de gerações em gerações, provocando uma grande distorção histórica de fatos. Nas quais cito algumas:



Odùduwà (Patriarca Yorùbá) confundido com Odù, elevando o mesmo ao sexo feminino;

Questionamento sobre os sangues impostos por Juana Elbein dos Santos no livro "Os Nàgó e a Morte".

A confusão histórica, cultural e religiosa imposta pela escritora no seu livro;

As bases de pesquisas sem nexo e fundamentos herdadas atráves das décadas, deixada por Padre Baudin;

Em fim, acredito que todo religioso, pesquisador, professor, acadêmicos, etc. Deveriam ter acesso a esse material, no qual poderia evitar grandes erros muito antes das pessoas usarem essas fontes para dar crédito a seus trabalhos.

Para ver o material em seu formato original, acessar:
Aqui você pode ver on line:




segunda-feira, 4 de julho de 2011

OLORUN MAGAZINE 4ª EDIÇÃO


Amigos leitores,
Saiu mais uma edição da revista Olorun Magazine.
Acredito que seja de grande utilidade para aqueles que buscam conceitos, informações tradicionais das religiões de matriz africana, com materias didáticos selecionados dentro da comunidade Religiosa. A revista Olorun é uma tentativa de resgatar e divulgar materiais com fontes confiáveis, resultado de estudo de pesquisadores, escritores e adeptos do culto afro-religioso!!!

Clique para acessar:

http://www.olorun.com.br/site1/index.php?option=com_flashmagazinedeluxe&view=magazine&id=22&tmpl=component



Grande abraço e espero que gostem, pois a tentativa da mesma é a mais sincera e transparente possível!!!!

Mógbà Rudi Omo Sàngó

quinta-feira, 16 de junho de 2011

A BOA CONDUTA AFRICANISTA

A BOA CONDUTA AFRICANISTA

Texto de: Bàbá Osvaldo Omotobàtálá
Traduzido por: Mógbà Rudi Omo Sàngó



"...Aqueles que dizem efuru por esuru
bom, nosso Pai está olhando lá de cima (céu),
Aqueles que dizem odide por oode, (que o papagaio és o morcego)
bom, nosso Pai está olhando lá de cima (céu),
Aqueles que dizem que a folha de oro és a de oriro,
bom, nosso Pai está olhando lá de cima (céu)..."


Sobre os mentirosos, o odù Otura diz:

"Ser mentiroso não priva alguém de fazer-se rico,
Romper um contrato não priva alguém de ter uma idade avançada;
Porém o dia que morrer, aí terá problemas."



 Na religião tradicional Yorùbá sabe-se que muitas coisas devem pagar-se depois da morte, por isso se tem muito cuidado em não cometer faltas, os Òrìsà(s) não apoiam os mentirosos, os ladrões, injustos, degenerados, adúlteros, assassinos, etc. Os Òrìsà(s) mandam sempre a seus seguidores a dizer a verdade, incluso nos próprios odù(s) a maioria das vezes se trata de deixar claro que aquele que engana, rouba ou comete faltas sempre sai prejudicado, és castigado ou termina na ruína.


Em outra parte do odù Oturupon diz assim:

"...Seja sincero, mesmo que sozinho,
Seja verdadeiro, faça o bem!
Aquele que és verdadeiro, as divindades o apoiaram,
Diga a verdade, mesmo que sozinho..."


O roubo é visto como um ato vergonhoso, algo que ninguém deveria se gloriar. Ter um ladrão dentro da comunidade se considera uma desgraça. Quando há roubos, se realizam rituais para saber quem foi o ladrão e recuperar os objetos roubados. O ladrão, a conseqüência do poder divino, sofre em pouco tempo todo tipo de enfermidades, paralisias, cegueiras momentâneas, sofrendo todos danos em forma física e psíquicas, a tal ponto que deverá recorrer a um sacerdote africanista para que retire o mal. Quando o bàbálawo vê que o mal do paciente é devido a roubos, é indica que deve devolver os objetos ao dono em praça pública, diante de todos e além disso, pagar certas oferendas aos Òrìsà(s). O roubo acaba com a reputação e integridade da família do ladrão, sendo que os africanos tradicionais se preocupam muito pelo seu nome e reputação. O furto não só é considerado algo imoral, também é uma ofensa religiosa castigável por parte do Todo poderoso.
Os sacerdotes africanistas, os chefes (de bairros, cidades, etc.) e os reis tem poderes político-religiosos e são quem aplicam as leis, a justiça e os castigos das faltas dentro da comunidade. Os Hierárquicas e sacerdotes são respeitados como se respeita a um Òrìsà, pois se consideram "maiores" e portadores de sabedoria dos Ancestrais. Em quanto a falta de respeito aos "maiores" (planos religioso-político e idade) e aos pais, aquele que comete dito crime, insultando aos mesmos, insulta também aos Ancestrais e Òrìsà(s), atraindo para si o castigo dos mesmos. Se bem, a insolência se perdoa, se considera um ato definitivo. Os Pais (ancestrais) devem ser venerados e determinado momento "render-lhes culto", pois és a vontade de Olórun (Deus) que se venere aquém nos veneram e em qualquer sociedade onde não se venere aos Pais, pois assim se terá as benções do Todo poderoso.


Iwori disse:

"...Respeite seu Pai e sua Mãe
esses que viveram longo tempo na terra,
Ifá diz: que oferte a seu Pai e a sua Mãe
o sacrifício de cuidados, retidão e humildade,
pois isso lhe trará retribuições.
Ifá diz: que oferendando esse sacrifício e sendo obediente
não atrairá maldições.
As maldições de seu Pai e de sua Mãe
são as maldições do Onipotente..."


Em outra parte do mesmo Odù diz:


"Meus Pais não trabalharam em vão por mim.
Nasci porque a sorte de minha mãe era boa,
nasci porque a sorte de meu pai era boa.
Me deram a luz e meus braços não eram deformes,
não nasci enfermo,
não nasci leproso.
Ancio poder ter meus próprios filhos,
de maneira que possa ter descendentes.
Quero ter casas,
quero ter bens materiais,
quero ter dinheiro.
Meus pais não trabalharam em vão por mim.
Vim ao mundo devido a sua boa sorte,
Quero fazer algo bom da minha vida,
Para que o trabalho de meus pais não tenha sido em vão..."

Por outro lado no Odù Iwori-meji explica que todo aquele que respeite a seus Pais e Ancestrais (Ègúngún) em qualquer tarefa na que faça terá êxito. No Odù Obara-meji se condena a arrogância, o orgulho e as faltas de respeito dos jovens para com os anciãos, as quais são sentenciadas, dizendo que todos aqueles que não respeitam seus maiores não terão uma vida longa e aquele que golpeia seus pais, sacerdotes ou um ancião está atraindo sua própria morte. O governo africano é teocrático de modo que os governantes são vistos como representantes divinos. Toda falta de respeito, deboche ou rebeldia aos mesmos está proibido. Em quanto a lealdade absoluta e obediência ao governo.



no Odù Ejiogbe diz:

"...A Coroa deve ser julgada pela cabeça que usa Coroa.
Os lábios do filósofo são aqueles que devem desafiar ao filósofo..."
Um chapéu nunca será mais famoso que uma Coroa.
Aquele que guia o Corpo és a Cabeça..."

quem decide qual será seu objetivo primordial na nova vida que terá (destino). Utilizando as diferentes energias do Universo, podemos mais facilmente chegar a esse objetivo final pré definido por nós mesmos, isto és viver a vida equilibrada, com saúde, bem estar e felicidade.

O ser humano está formado fundamentalmente por três elementos: Emí (espírito), Orí (cabeça) e Ará (corpo). O Emí e o Orí convivem dentro do Ará separados, Orí é aquele que tem a aprendizagem e a sabedoria de outras encarnações, que se mantém fechado na consciência da pessoa até sua morte.

O Emí é aquele que nos permite o diálogo interno, aquele que armazena memórias desta encarnação e que da um passo paralelo em nossa consciência quando incorporamos ou montamos o Òrìsà, saindo do Ará.

Quando morremos, Emí e Orí se unem-se deixam o Ará que se transformará em Okú o corpo morto e ambos sendo uma só energia esperarão o destino que lhes depara, se voltarão ao Àiyé (terra) convertido em Ègún e esperar a Atùnwá (reencarnação), ou se lhes concede o Aragbá Orún (no caminho ao Orún), para posteriormente chegar ao estado de Ará Orún (habitante do Orún) junto aos Òrìsà(s). Este estado solo se alcança ao longo de várias reencarnações, até o final Emí alcança um estado suficientemente puro para converter-se em Ará Orún.

Todos os habitantes do Àiyé, de acordo com seu comportamento em sua jornada pela vida podem ser considerados como omoluabí ou ajogun. Aqueles que transgrediram as leis e tiveram um comportamento indigno durante sua vida, convertem- se em ajogun ou espíritos escuros, entre os quais podemos citar:



O Yorùbá tão pouco está de acordo com sentimentos como a avareza o egoísmo, pois Ifá diz: que todos vamos receber aquilo que damos, por isto, quanto mais mão aberta somos, mais receberemos. A chave é oferecer sem esperar nada em troca. Se ensina que se deve pagar sempre aos Antepassados e Òrìsà(s) para conservar a sabedoria, a sorte e os bens materiais; assim como também a ser contemplativo com o irmão mais necessitado e pobre, dando-lhe ajuda se for necessário.



Obara-meji diz:

"A mosca que não são gananciosas, nunca morrem em um recipiente de vinho.
A mosca que voa com as demais no ar
e não se atenta com os sebos que estão no chão.
Nunca são caçadas em uma armadilha."

 Outra coisa a ter em conta, é que somos proibidos maltratar ou castigar os animais, assim como tão pouco devemos matar animais por prazer ou esporte. O sacrifício de animais deve ser feito somente quando os Òrìsà(s) o pedem ou quando necessitarmos consumir carne, sempre consultando o oráculo, sendo que ditos sacrifícios devem ser efetuados por pessoas preparadas ritualmente. Consideramos que os animais possuem Àse dos Òrìsà(s) (que em conjunto representam Olórun) e se machucarmos algum animal, estará atraindo um Osogbo (poder negativo) para nós mesmos.


Ewi e Cerimônias

Em nossa tradição, se conhecem como “ewi” os louvores proverbiais tradicionais que se executam nos momentos especiais, tais como batismos, casamentos ou cerimônias fúnebres. Com ewi se da bem vinda a um novo filho dentro da família, no momento de dar-lhe um nome, o qual quase sempre é escolhido através do oráculo ou as vezes pode vir com o filho desde o orún (céu), com marcas que ditam qual deve ser o nome. Também com ewi (versos poéticos cerimoniais) se celebram os casamentos diante dos Òrìsà(s) e dos ancestrais, sendo que o casamento não só representa a união entre o homem e a mulher, sendo também a união de suas duas famílias e de seus ancestrais, por isso és de vital que os mesmos estejam de acordo. Para tal fim és consultado o oráculo e são feitos os ebo(s) correspondentes. Outro tipo de Ewi é usado para dar despedida a quem falece, devendo aqui também dar-se primazia ao que deseja o defunto, seus Òrìsà(s) e ancestrais, quem indicarão como desejam que se faça a cerimônia.
Em todas estas cerimônias sócio-religiosas nunca faltam elementos simbólicos típicos de nossa cultura como Nozes de Kola, Azeite de Palma, Efun, Mel, Gengibre e Vinho de Palma, entre outros. Há sempre uma comunhão entre os assistentes e no mundo, onde moram os Ancestrais e os Òrìsà(s). Em uma mesa (toalha que se coloca sobre uma esteira) se colocam os ingredientes simbólicos de nossa cultura, que recordam muitos de nossos mitos e tradições, junto com uma grande variedade de alimentos, bebidas refrescantes e flores.

A teologia Yorùbá radica fundamentalmente em um Deus único, o qual criou tudo o que existe. Dele partiram diferentes energias, que se encarregam de cada detalhe do Universo, estas são denominadas “Irunmole” e “Òrìsà(s)”.

Na teologia Yorùbá, primeiro, antes de alguém nascer já é decidido que vai acontecer em sua vida, isto ocorre através do Orí (cabeça)



Ikú: A morte (masculino). Rei dos ajogun.
Arun: A enfermidade (esposa de Ikú).
Ofo: A avareza.
Epe: O ódio.
Ewon: O egoísmo.
Ofun: O abandono.
Egba: A preguiça, a solidão.

Os omoluabi são os Ègún que foram dignos em sua vida, porém que de qualquer maneira cometeram alguma pequena falta, são considerados espíritos bondosos e podem ser parte dos ancestrais adorados pela família.




terça-feira, 14 de junho de 2011

Batuque Afro-Sul e o Candomblé da Bahia

Batuque Afro-Sul e o Candomblé da Bahia


Por: Mógbà Rudi Omo Sàngó
Junho\2011

O presente trabalho é uma tentativa de mostrar as diferenças entre o Candomblé Baiano e o Batuque Afro-Sul, onde não tem a intenção de diminuir nenhum dos cultos, mas sim dar o entendimento aqueles que tentam buscar bases tanto históricas como antropológicas na Bahia, onde se originou o Candomblé.  É fato que muitos adeptos do Batuque Afro-Sul tentam buscar bases em seus rituais no Candomblé e às vezes acabam até mesmo migrando para este culto, que também tem como base os Òrìsà, por acreditar ele ser mais primitivo que o nosso Batuque-Afrosul.  Na “minha” opinião isto se dá pelo fato de que o Candomblé foi um dos poucos em solo Brasileiro que tentou resgatar seus rituais, isto visível e presente no DVD “O mensageiro entre os dois mundos” onde o tema principal era retratar as viagens de Pierre Verger¹ na África, explicando locais por onde passou quando efetuava pesquisas para reestruturar o Candomblé. A tentativa de Verger era muito clara, pois serviu de ponte entre a “África” e o “Candomblé”, pesquisando e achando bases para o mesmo. Verger desempenhou muito bem esse papel, uma vez que Mãe Senhora², Ìyálorìsà daquela época que o iniciou pouco tempo antes de sua primeira viagem. A intenção de Verger era esplendorosa, mas seu foco era o Candomblé, mais precisamente o de origem Ketu³ e Oyo.

Para se entender o presente trabalho, temos que ter o entendimento correto da cultura e religião Yorùbá e suas localidades:

... O Yorùbá é o segundo maior grupo étnico na Nigéria, incluindo 18 por cento da população total aproximadamente. Eles vivem em grande parte no sudoeste do país; também há comunidades de Yorùbá significativas no Benin, Togo, Serra Leoa, Cuba e Brasil. O Yorùbá é o grupo étnico principal nos estados de Ekiti, Kwara, Lagos, Ogun, Ondo, Òsun, e Oyo. Um número considerável de Yorùbá vive na República do Benin, ainda podem ser encontradas pequenas comunidades no campo, em Togo, Ouemé, Serra Leoa, etc. A maioria das pessoas Yorùbá são cristãos, com Igrejas da Nigéria (Anglicana), Católica, Pentecostal, Metodista, e igrejas Indígenas de que são adeptos. O Islã inclui aproximadamente um quarto da população Yorùbá, com a tradicional religião Yorùbá respondendo pelo resto. Os Yorùbá têm uma história urbana que data de 500 D.C. As principais cidades Yorùbá são Lagos, Ibadan, Abeokuta, Akure, Ilorin, Ogbomoso, Ondo, Ota, Shagamu, Iseyin, Osogbo, Ilesha, Oyo e Ilé-Ifè. Pesquisas: Segundo diversos pesquisadores o termo yoruba é recente. Segundo Biobaku, aplica-se a um grupo linguístico de vários milhões de indivíduos. Ele acrescenta que, "além da língua comum, os yorùbá estão unidos por uma mesma cultura e tradições de sua origem comum, na cidade de Ifé... (Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre).

Nota¹ - Pierre Verger - Nasceu em Paris, no dia quatro de novembro de 1902, mais tarde tornou-se fotógrafo e quando descobriu o candomblé, acreditou ter encontrado a fonte da vitalidade do povo baiano e se tornou um estudioso do culto aos orixás. Foi na África que Verger viveu o seu renascimento, recebendo o nome de Fatumbi, "nascido de novo graças ao Ifá", em 1953. A intimidade com a religião, que tinha começado na Bahia, facilitou o seu contato com sacerdotes, autoridades e acabou sendo iniciado como babalaô - um adivinho através do jogo do Ifá, com acesso às tradições orais dos iorubás. Além da iniciação religiosa, Verger começou nessa mesma época um novo ofício, o de pesquisador.

Nota² - Mãe Senhora - Maria Bibiana do Espírito Santo, Oxum Muiwà, (Salvador, 31 de março de 1890 - Salvador, 22 de fevereiro de 1967) foi à terceira Iyalorixá do Ilê Axé Opô Afonjá em Salvador, Bahia.

Nota³ - Ketu - é um local histórico, em nossos dias República do Benim. É uma das mais antigas capitais do povo de língua Yoruba, o rastreio mitológico de sua criação é uma solução fundada por uma filha de Oduduwa. Os regentes da cidade eram tradicionalmente chamados "Alaketu", e se acredita estar relacionado com o sub-grupo Egba dos falantes de língua Yorùbá na Nigéria nos dias de hoje.


É sábido por todos que Verger pesquisou com o propósito de dar entendimento do Candomblé no qual era iniciado, e com certeza fez um excelente trabalho de resgate cultural e religioso, mas temos que deixar claro que o Batuque-Afrosul "não tem origem na região pesquisa por Verger", pois o mesmo não apenas pesquisou, tomou nota, como também fotografou todos rituais que teve acesso, vindo a efetuar um de seus maiores trabalhos, seu livro "“Orixás – Deuses Iorubás na África e no novo mundo”, editado pela Editora Corrupio. Este livro tinha o propósito de dar entendimento aos rituais do Candomblé, mostrando fotos de iniciações tanto na África quanto no Brasil (Bahia). Verge fez um belo trabalho, mas ao não fotografar inicações de origem Nàgó4 (Figura 01) acabou transparecendo que era via de regra a raspagem da cabeça, gerando descontentamento por parte de muitos adeptos do Batuque Sulino, pois acreditavam que era obrigatório raspar a cabeça na África, o que na verdade nem sempre se raspam em regiões Yorùbá, mais precisamente entre Benin e Nigéria (figura 02). Em determinadas regiões Nàgó não é necessário raspar a cabeça para efetuar iniciação, pois este procedimento pode ser até mesmo um tabu por parte do iniciado. Aqui no Batuque não se manteve essa tradição de se raspar, pois o mesmo utiliza um assentamento do Òrìsà Orí (mantegueira). O Candomblé na realidade foi reestruturado de acordo com o resgate efetuado por Verger. O Batuque ao mesmo tempo não teve esse resgate, mas hoje com ajuda da tecnologia podemos ter acesso a pessoas que vivem a cultura Yorùbá nos dias atuais, podendo ser resgatado sua origem. Temos o Aworìsà e escritor Obalufon Osvaldo Omotobàtálá que efetuou pesquisas mais em territórios do Benin e explicou muito bem por sua parte questões referente ao Batuque. Vemos no Candomblé algumas diferenças bastante significativas também nos rituais fúnebres e ou de Egún, onde diz não poder ser tocado às roupas de um Egún, fato esse diferente do visto em território Africano (fig. 03).
O Batuque sem buscar reestruturar seu culto, acabou por preservar grande parte dos rituais, uma vez que não muito praticado pelo Candomblé, Nos quais cito alguns:

Mesa de Ìbejí e também culto aos gêmeos sagrados em estatuetas;
Culto Òrìsà Oba;
Culto Òrìsà Otin
Culto Òrìsà Ode em sua representação de diversos caçadores e não apenas em Òsóosí (Oxossi), entre outros;
Culto Òrìsà Jobokun, Dakun, Bokun, etc;.
Culto Òrìsà Oya T’igbówà
Assentamento de Oya em panela de barro, tal como na África
Vassoura para npònnó (Xapanã) em vez do Sàsàrà (Xaxará) do Candomblé
‘Padé fún Èsù
Orí wè, Omioro (Lavagem de cabeça)
Oríbíbó (Alimentar a cabeça)
ÌBòrí (Oferenda a cabeça)
Jókòó ‘Sà / Karíòsà (Assentamento de òrìsà / Obrigação de quatro patas)
Gígun Èsù (Assentamento de Èsù no terreno)
Ojubo (Assentamento de òrìsà no terreno)
Ojubo Balè (Assentamento no terreno para Ègún)
Ìlù yà sótó (Consagração do tambor / Cruzamento de tambor)
Alábè yà sótó (Consagração do dono das súplicas / Cruzamento como tamboreiro)
Adé Oro (Coroa espiritual / Balança)
Ajere / Izo (Mostrar a força / Fogo / Prova de fogo)
Àsogún (Poder de Ògún / axé de faca)
Àsedínlógún (Autoridade para ler o oráculo / axé de búzios )
Àsewí (Poder para falar / axé de fala)
Arisùn – Ritual fúnebre

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Nota4 - Nàgó - Nagô não é uma Nação Africana e sim todo os povos Sudaneses que falam o idioma Yorùbá. Com os povos africanos, vieram também os cultos religiosos de cada região de sua origem, e, que devido aos empórios de escravos e a mistura destes, e também de rituais, originaram as chamadas religiões, hoje, chamadas por muitos de afro-brasileiras.


Como podemos ver, o Batuque existe rituais muito primitivos também, mas que infelizmente não foram sido resgatados em sua origem, muitos dos nossos rituais nem são mais praticados em solo Africano, devido ao esquecimento do passar dos tempos. Hoje tenho acompanhado muitos adeptos do Batuque que para achar bases na nossa cultura vão de encontro ao Candomblé, para achar explicações que na verdade só trarão confusões ritualísticas por parte dos demais adeptos. Alguns procuram vincular nossa sineta, tendo como origem a católica e até mesmo em um instrumento usado por adoradores de Ògún em território Yorùbá. A origem de nossa sineta conota-se no período chamado de Nokcomo poderemos ver na (fig. 04) no final deste.  Já vi procurarem bases também para ter o resgate de nosso Aje (cabaça com adorno de contas fig. 05) com o Sèré (cabaça sem adorno de contas que pertence a Sàngó - fig. 06) do Candomblé.
Pierre Verger ao fotografar regiões Yorùbá de Oyo mostrou alguns Òrìsà ornamentados com suas vestimentas locais, dando origem ao fato de vestir os Òrìsà na Bahia, sendo que no Batuque não se manteve esse padrão, pois em determinadas regiões Yorùbá não se vestem Òrìsà, permanecendo sua roupa normal do iniciado (fig. 07 e 08). No Candomblé foi associado ao Òrìsà Ògún o animal “cão e ou cachorro”, devido às fotos de sacrifícios do mesmo no livro de Verger, já no Batuque prevaleceu a “Serpente”, fato esse que até muito pouco tempo não se tinha o entendimento, mas que foi perfeitamente explicado, pesquisado e escrito pelo amigo Erick Wolff em seu blog:


Hoje em dia é muito comum se escutar em resgates da cultura do Batuque, mas temos que ter em mente onde pesquisaremos, para não acabarmos por desestruturar uma religião utilizando-se de conceitos evasivos e pesquisas numa religião que não é a nossa. Vejo diversos movimentos sendo criados para esse fim e estes estão totalmente vinculados ao Candomblé Baiano. Tomaremos o cuidado para não criar uma grande confusão histórica e ritualística, pois o autor deste, não tem a intenção de desmerecer nenhuma das duas religiões, mas sim, colocar cada uma em seu devido lugar e origem. São duas magníficas religiões, tendo como princípio a “Mãe África”.  Escuta-se muito aqui pelo sul em resgate das nossas ditas “Nações” de origem, de que o Batuque foi estruturado aqui após a escravidão, fato este que é totalmente descartado nos dias de Hoje. Acreditando que cada Òrìsà  é cultuado apenas por uma região da África. Não se pode cultuar apenas um Òrìsà sem a presença de Osányìn, Èsù, etc. Existem atualmente na África casas que praticam mais de um Òrìsà e o cargo semelhante ao de Bàbálòrìsà e Ìyálòrìsà. Verger ao escrever o livro, fotografou determinadas regiões de origem do culto de determinados Òrìsà, oque fez com que diversos adeptos acreditassem que aqueles Òrìsà  somente eram cultuados naquelas regiões e gerando a grande problemática das chamadas “Nações”, como exemplo: Ijesà, Oyo, Djéjé, Kabinda, etc. Posso afirmar com toda certeza que estas ditas “Nações” não existem, o que existem são ramificações de determinadas localidades da África, ou seja, “Raízes”.
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Nota - Nok - era uma civilização existente no norte da Nigéria que, no século V a.C. dominava a metalurgia. O seu extenso legado constitui aquilo que se chama a Cultura Nok. Por razões desconhecidas, esta cultura desvaneceu-se por volta do século II ou III da nossa era.

Ou até mesmo como se chamava antigamente “Lados”. Com tentativas errôneas de pesquisas que acabaram confundindo o entendimento desse assunto, criando-se grandes distorções como exemplo a associação da origem da “Kabinda” no nosso estado, vinculando a mesma a uma região de origem Bantú da África. Para chegar a esse entendimento, convido os amigos a pesquisarem e estudarem o termo “Nàgó”. Este merecedor de um próximo trabalho de pesquisas.


Figura 01
Iniciações Nàgó, sem raspar a cabeça em Benin
Em comparação com foto de uma iniciação no Batuque afro-Sul, efetuada pela Saudosa Ìyálòrìsà Apolinária.




























Figura 02
Mapa entre região de Benin e Nigéria, de onde provém os Nàgó.






















Figura 03
Ègún tendo contado com seu descendente em território Yorùbá.



Figura 04
Sineta escavada em Ibadan, sendo do período Nok. Notem o formato da sineta encontrada na idade do ferro. Esta era foi conhecida como Oba jegi jegi” (a era do rei que comia madeira). Esta foi à época do ferro (Ògún), pois as forjas necessitavam de madeira para queimar e fundir o ferro. Foi Ògún quem fabricou os implementos de ferro nesta época.



















Figura 05

Instrumentos de percussão usados no Batuque e também na África. Como podemos verificar nossos instrumentos não estão baseados no Candomblé.



































Figura 06
Sèré de Sàngó (Xerê de Xangô) usado ritualmente pela divindade, bem como, em seu assentamento.

















Figura 07 e 08
Òrìsà Òsun e Òrìsà Sàngó manifestados sem serem vestidos





















Fontes Bibliográficas

Civilização Nok: Wikipédia / Armarium Libri / Mundo Educação

Ìyálòrìsà Mãe Senhora (Nota² - pág. 01) – fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre:

Ketu – (Nota³ - pág. 01) - fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre:

Omotobàtálá, Osvaldo – Cultura y Religiosidad Djédjé Nagó – 2007 \ Bayo Editores.

Omotobàtálá, Osvaldo - Os Nàgó – livro: Àse Bàbá mi (pág. 06) – 2008\ Bayo Editores.

VERGER, Pierre - Biografia (Nota¹ - pág.01) – Site Fundação Pierre Verger:

VERGER, Pierre - DVD: Mensageiro entre dois mundos / Direção: Lula Buarque de Hollanda / Narração e Apresentação: Gilberto Gil / Produção: Conspiração Filmes, Gegê Produções, GNT GLOBOSAT / Tamanho:19x13,5x1,5

VERGER, Pierre - Orixás (Deuses Iorubás na África e no novo mundo) - Editora Corrupio

WOLFF, Erick – Ògún e a Serpente – fonte: http://iledeobokum.blogspot.com/2010/03/ogun-ejo-e-serpente.html

Yorùbá – fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre: