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quinta-feira, 16 de junho de 2011

A BOA CONDUTA AFRICANISTA

A BOA CONDUTA AFRICANISTA

Texto de: Bàbá Osvaldo Omotobàtálá
Traduzido por: Mógbà Rudi Omo Sàngó



"...Aqueles que dizem efuru por esuru
bom, nosso Pai está olhando lá de cima (céu),
Aqueles que dizem odide por oode, (que o papagaio és o morcego)
bom, nosso Pai está olhando lá de cima (céu),
Aqueles que dizem que a folha de oro és a de oriro,
bom, nosso Pai está olhando lá de cima (céu)..."


Sobre os mentirosos, o odù Otura diz:

"Ser mentiroso não priva alguém de fazer-se rico,
Romper um contrato não priva alguém de ter uma idade avançada;
Porém o dia que morrer, aí terá problemas."



 Na religião tradicional Yorùbá sabe-se que muitas coisas devem pagar-se depois da morte, por isso se tem muito cuidado em não cometer faltas, os Òrìsà(s) não apoiam os mentirosos, os ladrões, injustos, degenerados, adúlteros, assassinos, etc. Os Òrìsà(s) mandam sempre a seus seguidores a dizer a verdade, incluso nos próprios odù(s) a maioria das vezes se trata de deixar claro que aquele que engana, rouba ou comete faltas sempre sai prejudicado, és castigado ou termina na ruína.


Em outra parte do odù Oturupon diz assim:

"...Seja sincero, mesmo que sozinho,
Seja verdadeiro, faça o bem!
Aquele que és verdadeiro, as divindades o apoiaram,
Diga a verdade, mesmo que sozinho..."


O roubo é visto como um ato vergonhoso, algo que ninguém deveria se gloriar. Ter um ladrão dentro da comunidade se considera uma desgraça. Quando há roubos, se realizam rituais para saber quem foi o ladrão e recuperar os objetos roubados. O ladrão, a conseqüência do poder divino, sofre em pouco tempo todo tipo de enfermidades, paralisias, cegueiras momentâneas, sofrendo todos danos em forma física e psíquicas, a tal ponto que deverá recorrer a um sacerdote africanista para que retire o mal. Quando o bàbálawo vê que o mal do paciente é devido a roubos, é indica que deve devolver os objetos ao dono em praça pública, diante de todos e além disso, pagar certas oferendas aos Òrìsà(s). O roubo acaba com a reputação e integridade da família do ladrão, sendo que os africanos tradicionais se preocupam muito pelo seu nome e reputação. O furto não só é considerado algo imoral, também é uma ofensa religiosa castigável por parte do Todo poderoso.
Os sacerdotes africanistas, os chefes (de bairros, cidades, etc.) e os reis tem poderes político-religiosos e são quem aplicam as leis, a justiça e os castigos das faltas dentro da comunidade. Os Hierárquicas e sacerdotes são respeitados como se respeita a um Òrìsà, pois se consideram "maiores" e portadores de sabedoria dos Ancestrais. Em quanto a falta de respeito aos "maiores" (planos religioso-político e idade) e aos pais, aquele que comete dito crime, insultando aos mesmos, insulta também aos Ancestrais e Òrìsà(s), atraindo para si o castigo dos mesmos. Se bem, a insolência se perdoa, se considera um ato definitivo. Os Pais (ancestrais) devem ser venerados e determinado momento "render-lhes culto", pois és a vontade de Olórun (Deus) que se venere aquém nos veneram e em qualquer sociedade onde não se venere aos Pais, pois assim se terá as benções do Todo poderoso.


Iwori disse:

"...Respeite seu Pai e sua Mãe
esses que viveram longo tempo na terra,
Ifá diz: que oferte a seu Pai e a sua Mãe
o sacrifício de cuidados, retidão e humildade,
pois isso lhe trará retribuições.
Ifá diz: que oferendando esse sacrifício e sendo obediente
não atrairá maldições.
As maldições de seu Pai e de sua Mãe
são as maldições do Onipotente..."


Em outra parte do mesmo Odù diz:


"Meus Pais não trabalharam em vão por mim.
Nasci porque a sorte de minha mãe era boa,
nasci porque a sorte de meu pai era boa.
Me deram a luz e meus braços não eram deformes,
não nasci enfermo,
não nasci leproso.
Ancio poder ter meus próprios filhos,
de maneira que possa ter descendentes.
Quero ter casas,
quero ter bens materiais,
quero ter dinheiro.
Meus pais não trabalharam em vão por mim.
Vim ao mundo devido a sua boa sorte,
Quero fazer algo bom da minha vida,
Para que o trabalho de meus pais não tenha sido em vão..."

Por outro lado no Odù Iwori-meji explica que todo aquele que respeite a seus Pais e Ancestrais (Ègúngún) em qualquer tarefa na que faça terá êxito. No Odù Obara-meji se condena a arrogância, o orgulho e as faltas de respeito dos jovens para com os anciãos, as quais são sentenciadas, dizendo que todos aqueles que não respeitam seus maiores não terão uma vida longa e aquele que golpeia seus pais, sacerdotes ou um ancião está atraindo sua própria morte. O governo africano é teocrático de modo que os governantes são vistos como representantes divinos. Toda falta de respeito, deboche ou rebeldia aos mesmos está proibido. Em quanto a lealdade absoluta e obediência ao governo.



no Odù Ejiogbe diz:

"...A Coroa deve ser julgada pela cabeça que usa Coroa.
Os lábios do filósofo são aqueles que devem desafiar ao filósofo..."
Um chapéu nunca será mais famoso que uma Coroa.
Aquele que guia o Corpo és a Cabeça..."

quem decide qual será seu objetivo primordial na nova vida que terá (destino). Utilizando as diferentes energias do Universo, podemos mais facilmente chegar a esse objetivo final pré definido por nós mesmos, isto és viver a vida equilibrada, com saúde, bem estar e felicidade.

O ser humano está formado fundamentalmente por três elementos: Emí (espírito), Orí (cabeça) e Ará (corpo). O Emí e o Orí convivem dentro do Ará separados, Orí é aquele que tem a aprendizagem e a sabedoria de outras encarnações, que se mantém fechado na consciência da pessoa até sua morte.

O Emí é aquele que nos permite o diálogo interno, aquele que armazena memórias desta encarnação e que da um passo paralelo em nossa consciência quando incorporamos ou montamos o Òrìsà, saindo do Ará.

Quando morremos, Emí e Orí se unem-se deixam o Ará que se transformará em Okú o corpo morto e ambos sendo uma só energia esperarão o destino que lhes depara, se voltarão ao Àiyé (terra) convertido em Ègún e esperar a Atùnwá (reencarnação), ou se lhes concede o Aragbá Orún (no caminho ao Orún), para posteriormente chegar ao estado de Ará Orún (habitante do Orún) junto aos Òrìsà(s). Este estado solo se alcança ao longo de várias reencarnações, até o final Emí alcança um estado suficientemente puro para converter-se em Ará Orún.

Todos os habitantes do Àiyé, de acordo com seu comportamento em sua jornada pela vida podem ser considerados como omoluabí ou ajogun. Aqueles que transgrediram as leis e tiveram um comportamento indigno durante sua vida, convertem- se em ajogun ou espíritos escuros, entre os quais podemos citar:



O Yorùbá tão pouco está de acordo com sentimentos como a avareza o egoísmo, pois Ifá diz: que todos vamos receber aquilo que damos, por isto, quanto mais mão aberta somos, mais receberemos. A chave é oferecer sem esperar nada em troca. Se ensina que se deve pagar sempre aos Antepassados e Òrìsà(s) para conservar a sabedoria, a sorte e os bens materiais; assim como também a ser contemplativo com o irmão mais necessitado e pobre, dando-lhe ajuda se for necessário.



Obara-meji diz:

"A mosca que não são gananciosas, nunca morrem em um recipiente de vinho.
A mosca que voa com as demais no ar
e não se atenta com os sebos que estão no chão.
Nunca são caçadas em uma armadilha."

 Outra coisa a ter em conta, é que somos proibidos maltratar ou castigar os animais, assim como tão pouco devemos matar animais por prazer ou esporte. O sacrifício de animais deve ser feito somente quando os Òrìsà(s) o pedem ou quando necessitarmos consumir carne, sempre consultando o oráculo, sendo que ditos sacrifícios devem ser efetuados por pessoas preparadas ritualmente. Consideramos que os animais possuem Àse dos Òrìsà(s) (que em conjunto representam Olórun) e se machucarmos algum animal, estará atraindo um Osogbo (poder negativo) para nós mesmos.


Ewi e Cerimônias

Em nossa tradição, se conhecem como “ewi” os louvores proverbiais tradicionais que se executam nos momentos especiais, tais como batismos, casamentos ou cerimônias fúnebres. Com ewi se da bem vinda a um novo filho dentro da família, no momento de dar-lhe um nome, o qual quase sempre é escolhido através do oráculo ou as vezes pode vir com o filho desde o orún (céu), com marcas que ditam qual deve ser o nome. Também com ewi (versos poéticos cerimoniais) se celebram os casamentos diante dos Òrìsà(s) e dos ancestrais, sendo que o casamento não só representa a união entre o homem e a mulher, sendo também a união de suas duas famílias e de seus ancestrais, por isso és de vital que os mesmos estejam de acordo. Para tal fim és consultado o oráculo e são feitos os ebo(s) correspondentes. Outro tipo de Ewi é usado para dar despedida a quem falece, devendo aqui também dar-se primazia ao que deseja o defunto, seus Òrìsà(s) e ancestrais, quem indicarão como desejam que se faça a cerimônia.
Em todas estas cerimônias sócio-religiosas nunca faltam elementos simbólicos típicos de nossa cultura como Nozes de Kola, Azeite de Palma, Efun, Mel, Gengibre e Vinho de Palma, entre outros. Há sempre uma comunhão entre os assistentes e no mundo, onde moram os Ancestrais e os Òrìsà(s). Em uma mesa (toalha que se coloca sobre uma esteira) se colocam os ingredientes simbólicos de nossa cultura, que recordam muitos de nossos mitos e tradições, junto com uma grande variedade de alimentos, bebidas refrescantes e flores.

A teologia Yorùbá radica fundamentalmente em um Deus único, o qual criou tudo o que existe. Dele partiram diferentes energias, que se encarregam de cada detalhe do Universo, estas são denominadas “Irunmole” e “Òrìsà(s)”.

Na teologia Yorùbá, primeiro, antes de alguém nascer já é decidido que vai acontecer em sua vida, isto ocorre através do Orí (cabeça)



Ikú: A morte (masculino). Rei dos ajogun.
Arun: A enfermidade (esposa de Ikú).
Ofo: A avareza.
Epe: O ódio.
Ewon: O egoísmo.
Ofun: O abandono.
Egba: A preguiça, a solidão.

Os omoluabi são os Ègún que foram dignos em sua vida, porém que de qualquer maneira cometeram alguma pequena falta, são considerados espíritos bondosos e podem ser parte dos ancestrais adorados pela família.




terça-feira, 14 de junho de 2011

Batuque Afro-Sul e o Candomblé da Bahia

Batuque Afro-Sul e o Candomblé da Bahia


Por: Mógbà Rudi Omo Sàngó
Junho\2011

O presente trabalho é uma tentativa de mostrar as diferenças entre o Candomblé Baiano e o Batuque Afro-Sul, onde não tem a intenção de diminuir nenhum dos cultos, mas sim dar o entendimento aqueles que tentam buscar bases tanto históricas como antropológicas na Bahia, onde se originou o Candomblé.  É fato que muitos adeptos do Batuque Afro-Sul tentam buscar bases em seus rituais no Candomblé e às vezes acabam até mesmo migrando para este culto, que também tem como base os Òrìsà, por acreditar ele ser mais primitivo que o nosso Batuque-Afrosul.  Na “minha” opinião isto se dá pelo fato de que o Candomblé foi um dos poucos em solo Brasileiro que tentou resgatar seus rituais, isto visível e presente no DVD “O mensageiro entre os dois mundos” onde o tema principal era retratar as viagens de Pierre Verger¹ na África, explicando locais por onde passou quando efetuava pesquisas para reestruturar o Candomblé. A tentativa de Verger era muito clara, pois serviu de ponte entre a “África” e o “Candomblé”, pesquisando e achando bases para o mesmo. Verger desempenhou muito bem esse papel, uma vez que Mãe Senhora², Ìyálorìsà daquela época que o iniciou pouco tempo antes de sua primeira viagem. A intenção de Verger era esplendorosa, mas seu foco era o Candomblé, mais precisamente o de origem Ketu³ e Oyo.

Para se entender o presente trabalho, temos que ter o entendimento correto da cultura e religião Yorùbá e suas localidades:

... O Yorùbá é o segundo maior grupo étnico na Nigéria, incluindo 18 por cento da população total aproximadamente. Eles vivem em grande parte no sudoeste do país; também há comunidades de Yorùbá significativas no Benin, Togo, Serra Leoa, Cuba e Brasil. O Yorùbá é o grupo étnico principal nos estados de Ekiti, Kwara, Lagos, Ogun, Ondo, Òsun, e Oyo. Um número considerável de Yorùbá vive na República do Benin, ainda podem ser encontradas pequenas comunidades no campo, em Togo, Ouemé, Serra Leoa, etc. A maioria das pessoas Yorùbá são cristãos, com Igrejas da Nigéria (Anglicana), Católica, Pentecostal, Metodista, e igrejas Indígenas de que são adeptos. O Islã inclui aproximadamente um quarto da população Yorùbá, com a tradicional religião Yorùbá respondendo pelo resto. Os Yorùbá têm uma história urbana que data de 500 D.C. As principais cidades Yorùbá são Lagos, Ibadan, Abeokuta, Akure, Ilorin, Ogbomoso, Ondo, Ota, Shagamu, Iseyin, Osogbo, Ilesha, Oyo e Ilé-Ifè. Pesquisas: Segundo diversos pesquisadores o termo yoruba é recente. Segundo Biobaku, aplica-se a um grupo linguístico de vários milhões de indivíduos. Ele acrescenta que, "além da língua comum, os yorùbá estão unidos por uma mesma cultura e tradições de sua origem comum, na cidade de Ifé... (Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre).

Nota¹ - Pierre Verger - Nasceu em Paris, no dia quatro de novembro de 1902, mais tarde tornou-se fotógrafo e quando descobriu o candomblé, acreditou ter encontrado a fonte da vitalidade do povo baiano e se tornou um estudioso do culto aos orixás. Foi na África que Verger viveu o seu renascimento, recebendo o nome de Fatumbi, "nascido de novo graças ao Ifá", em 1953. A intimidade com a religião, que tinha começado na Bahia, facilitou o seu contato com sacerdotes, autoridades e acabou sendo iniciado como babalaô - um adivinho através do jogo do Ifá, com acesso às tradições orais dos iorubás. Além da iniciação religiosa, Verger começou nessa mesma época um novo ofício, o de pesquisador.

Nota² - Mãe Senhora - Maria Bibiana do Espírito Santo, Oxum Muiwà, (Salvador, 31 de março de 1890 - Salvador, 22 de fevereiro de 1967) foi à terceira Iyalorixá do Ilê Axé Opô Afonjá em Salvador, Bahia.

Nota³ - Ketu - é um local histórico, em nossos dias República do Benim. É uma das mais antigas capitais do povo de língua Yoruba, o rastreio mitológico de sua criação é uma solução fundada por uma filha de Oduduwa. Os regentes da cidade eram tradicionalmente chamados "Alaketu", e se acredita estar relacionado com o sub-grupo Egba dos falantes de língua Yorùbá na Nigéria nos dias de hoje.


É sábido por todos que Verger pesquisou com o propósito de dar entendimento do Candomblé no qual era iniciado, e com certeza fez um excelente trabalho de resgate cultural e religioso, mas temos que deixar claro que o Batuque-Afrosul "não tem origem na região pesquisa por Verger", pois o mesmo não apenas pesquisou, tomou nota, como também fotografou todos rituais que teve acesso, vindo a efetuar um de seus maiores trabalhos, seu livro "“Orixás – Deuses Iorubás na África e no novo mundo”, editado pela Editora Corrupio. Este livro tinha o propósito de dar entendimento aos rituais do Candomblé, mostrando fotos de iniciações tanto na África quanto no Brasil (Bahia). Verge fez um belo trabalho, mas ao não fotografar inicações de origem Nàgó4 (Figura 01) acabou transparecendo que era via de regra a raspagem da cabeça, gerando descontentamento por parte de muitos adeptos do Batuque Sulino, pois acreditavam que era obrigatório raspar a cabeça na África, o que na verdade nem sempre se raspam em regiões Yorùbá, mais precisamente entre Benin e Nigéria (figura 02). Em determinadas regiões Nàgó não é necessário raspar a cabeça para efetuar iniciação, pois este procedimento pode ser até mesmo um tabu por parte do iniciado. Aqui no Batuque não se manteve essa tradição de se raspar, pois o mesmo utiliza um assentamento do Òrìsà Orí (mantegueira). O Candomblé na realidade foi reestruturado de acordo com o resgate efetuado por Verger. O Batuque ao mesmo tempo não teve esse resgate, mas hoje com ajuda da tecnologia podemos ter acesso a pessoas que vivem a cultura Yorùbá nos dias atuais, podendo ser resgatado sua origem. Temos o Aworìsà e escritor Obalufon Osvaldo Omotobàtálá que efetuou pesquisas mais em territórios do Benin e explicou muito bem por sua parte questões referente ao Batuque. Vemos no Candomblé algumas diferenças bastante significativas também nos rituais fúnebres e ou de Egún, onde diz não poder ser tocado às roupas de um Egún, fato esse diferente do visto em território Africano (fig. 03).
O Batuque sem buscar reestruturar seu culto, acabou por preservar grande parte dos rituais, uma vez que não muito praticado pelo Candomblé, Nos quais cito alguns:

Mesa de Ìbejí e também culto aos gêmeos sagrados em estatuetas;
Culto Òrìsà Oba;
Culto Òrìsà Otin
Culto Òrìsà Ode em sua representação de diversos caçadores e não apenas em Òsóosí (Oxossi), entre outros;
Culto Òrìsà Jobokun, Dakun, Bokun, etc;.
Culto Òrìsà Oya T’igbówà
Assentamento de Oya em panela de barro, tal como na África
Vassoura para npònnó (Xapanã) em vez do Sàsàrà (Xaxará) do Candomblé
‘Padé fún Èsù
Orí wè, Omioro (Lavagem de cabeça)
Oríbíbó (Alimentar a cabeça)
ÌBòrí (Oferenda a cabeça)
Jókòó ‘Sà / Karíòsà (Assentamento de òrìsà / Obrigação de quatro patas)
Gígun Èsù (Assentamento de Èsù no terreno)
Ojubo (Assentamento de òrìsà no terreno)
Ojubo Balè (Assentamento no terreno para Ègún)
Ìlù yà sótó (Consagração do tambor / Cruzamento de tambor)
Alábè yà sótó (Consagração do dono das súplicas / Cruzamento como tamboreiro)
Adé Oro (Coroa espiritual / Balança)
Ajere / Izo (Mostrar a força / Fogo / Prova de fogo)
Àsogún (Poder de Ògún / axé de faca)
Àsedínlógún (Autoridade para ler o oráculo / axé de búzios )
Àsewí (Poder para falar / axé de fala)
Arisùn – Ritual fúnebre

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Nota4 - Nàgó - Nagô não é uma Nação Africana e sim todo os povos Sudaneses que falam o idioma Yorùbá. Com os povos africanos, vieram também os cultos religiosos de cada região de sua origem, e, que devido aos empórios de escravos e a mistura destes, e também de rituais, originaram as chamadas religiões, hoje, chamadas por muitos de afro-brasileiras.


Como podemos ver, o Batuque existe rituais muito primitivos também, mas que infelizmente não foram sido resgatados em sua origem, muitos dos nossos rituais nem são mais praticados em solo Africano, devido ao esquecimento do passar dos tempos. Hoje tenho acompanhado muitos adeptos do Batuque que para achar bases na nossa cultura vão de encontro ao Candomblé, para achar explicações que na verdade só trarão confusões ritualísticas por parte dos demais adeptos. Alguns procuram vincular nossa sineta, tendo como origem a católica e até mesmo em um instrumento usado por adoradores de Ògún em território Yorùbá. A origem de nossa sineta conota-se no período chamado de Nokcomo poderemos ver na (fig. 04) no final deste.  Já vi procurarem bases também para ter o resgate de nosso Aje (cabaça com adorno de contas fig. 05) com o Sèré (cabaça sem adorno de contas que pertence a Sàngó - fig. 06) do Candomblé.
Pierre Verger ao fotografar regiões Yorùbá de Oyo mostrou alguns Òrìsà ornamentados com suas vestimentas locais, dando origem ao fato de vestir os Òrìsà na Bahia, sendo que no Batuque não se manteve esse padrão, pois em determinadas regiões Yorùbá não se vestem Òrìsà, permanecendo sua roupa normal do iniciado (fig. 07 e 08). No Candomblé foi associado ao Òrìsà Ògún o animal “cão e ou cachorro”, devido às fotos de sacrifícios do mesmo no livro de Verger, já no Batuque prevaleceu a “Serpente”, fato esse que até muito pouco tempo não se tinha o entendimento, mas que foi perfeitamente explicado, pesquisado e escrito pelo amigo Erick Wolff em seu blog:


Hoje em dia é muito comum se escutar em resgates da cultura do Batuque, mas temos que ter em mente onde pesquisaremos, para não acabarmos por desestruturar uma religião utilizando-se de conceitos evasivos e pesquisas numa religião que não é a nossa. Vejo diversos movimentos sendo criados para esse fim e estes estão totalmente vinculados ao Candomblé Baiano. Tomaremos o cuidado para não criar uma grande confusão histórica e ritualística, pois o autor deste, não tem a intenção de desmerecer nenhuma das duas religiões, mas sim, colocar cada uma em seu devido lugar e origem. São duas magníficas religiões, tendo como princípio a “Mãe África”.  Escuta-se muito aqui pelo sul em resgate das nossas ditas “Nações” de origem, de que o Batuque foi estruturado aqui após a escravidão, fato este que é totalmente descartado nos dias de Hoje. Acreditando que cada Òrìsà  é cultuado apenas por uma região da África. Não se pode cultuar apenas um Òrìsà sem a presença de Osányìn, Èsù, etc. Existem atualmente na África casas que praticam mais de um Òrìsà e o cargo semelhante ao de Bàbálòrìsà e Ìyálòrìsà. Verger ao escrever o livro, fotografou determinadas regiões de origem do culto de determinados Òrìsà, oque fez com que diversos adeptos acreditassem que aqueles Òrìsà  somente eram cultuados naquelas regiões e gerando a grande problemática das chamadas “Nações”, como exemplo: Ijesà, Oyo, Djéjé, Kabinda, etc. Posso afirmar com toda certeza que estas ditas “Nações” não existem, o que existem são ramificações de determinadas localidades da África, ou seja, “Raízes”.
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Nota - Nok - era uma civilização existente no norte da Nigéria que, no século V a.C. dominava a metalurgia. O seu extenso legado constitui aquilo que se chama a Cultura Nok. Por razões desconhecidas, esta cultura desvaneceu-se por volta do século II ou III da nossa era.

Ou até mesmo como se chamava antigamente “Lados”. Com tentativas errôneas de pesquisas que acabaram confundindo o entendimento desse assunto, criando-se grandes distorções como exemplo a associação da origem da “Kabinda” no nosso estado, vinculando a mesma a uma região de origem Bantú da África. Para chegar a esse entendimento, convido os amigos a pesquisarem e estudarem o termo “Nàgó”. Este merecedor de um próximo trabalho de pesquisas.


Figura 01
Iniciações Nàgó, sem raspar a cabeça em Benin
Em comparação com foto de uma iniciação no Batuque afro-Sul, efetuada pela Saudosa Ìyálòrìsà Apolinária.




























Figura 02
Mapa entre região de Benin e Nigéria, de onde provém os Nàgó.






















Figura 03
Ègún tendo contado com seu descendente em território Yorùbá.



Figura 04
Sineta escavada em Ibadan, sendo do período Nok. Notem o formato da sineta encontrada na idade do ferro. Esta era foi conhecida como Oba jegi jegi” (a era do rei que comia madeira). Esta foi à época do ferro (Ògún), pois as forjas necessitavam de madeira para queimar e fundir o ferro. Foi Ògún quem fabricou os implementos de ferro nesta época.



















Figura 05

Instrumentos de percussão usados no Batuque e também na África. Como podemos verificar nossos instrumentos não estão baseados no Candomblé.



































Figura 06
Sèré de Sàngó (Xerê de Xangô) usado ritualmente pela divindade, bem como, em seu assentamento.

















Figura 07 e 08
Òrìsà Òsun e Òrìsà Sàngó manifestados sem serem vestidos





















Fontes Bibliográficas

Civilização Nok: Wikipédia / Armarium Libri / Mundo Educação

Ìyálòrìsà Mãe Senhora (Nota² - pág. 01) – fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre:

Ketu – (Nota³ - pág. 01) - fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre:

Omotobàtálá, Osvaldo – Cultura y Religiosidad Djédjé Nagó – 2007 \ Bayo Editores.

Omotobàtálá, Osvaldo - Os Nàgó – livro: Àse Bàbá mi (pág. 06) – 2008\ Bayo Editores.

VERGER, Pierre - Biografia (Nota¹ - pág.01) – Site Fundação Pierre Verger:

VERGER, Pierre - DVD: Mensageiro entre dois mundos / Direção: Lula Buarque de Hollanda / Narração e Apresentação: Gilberto Gil / Produção: Conspiração Filmes, Gegê Produções, GNT GLOBOSAT / Tamanho:19x13,5x1,5

VERGER, Pierre - Orixás (Deuses Iorubás na África e no novo mundo) - Editora Corrupio

WOLFF, Erick – Ògún e a Serpente – fonte: http://iledeobokum.blogspot.com/2010/03/ogun-ejo-e-serpente.html

Yorùbá – fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre:


PRÍNCIPE LUKMAN AYODEJI (A REENCARNAÇÃO DE SÀNGÓ)

PRÍNCIPE LUKMAN AYODEJI
(A Reencarnação de Sàngó)

Sàngó emitindo fogo de sua boca após comer carvão em brasa

Por: Mógbà Rudi Omo Sàngó

Para o povo Yorùbá a reencarnação está presente na sua cultura, acreditam que os Òrìsà reencarnam de tempos em tempos para ficarem presentes nas vidas de seus adoradores. Aqui no Brasil muito se escuta falar em “Qualidades” ou “Caminhos”. Algumas pessoas acreditam que nomes diferentes de determinado Òrìsà são qualidades diferentes dos mesmos e isso é um erro, pois para pessoas tradicionais Yorùbá, este fato é simples, pois se trata de reencarnações do Òrìsà. Sàngó já teve mais de uma reencarnação e este fato é claramente mencionado em Itan de Ifá. Tela- Oko foi uma reencarnação de Sàngó muito mencionado nos versos de Ifá. Acredito ser necessário que tanto um adepto do Batuque, quanto das demais religiões de matriz africana devam entender essa parte da nossa cultura. Quando vemos um Itan escrito mencionando como exemplo de Oya que em determinada parte de sua vida foi casada com Ògún, mais tarde casada com Sàngó, mais tarde convertida em animal búfalo, mais tarde, convertida no rio Níger. Espero que nossos adeptos não acreditem que Oya viveu isso tudo em apenas uma passagem no Àiyé (terra). Notem, que de humano, Oya chega até um elemento da natureza, assim com demais Òrìsà. Devemos todos estudar sobre as reencarnações de nossos Òrìsà para que possamos entender melhor nossas chamadas “qualidades”.
Segue material importante sobre a vida de uma possível reencarnação de Sàngó, acreditada pelo povo Yorùbá. Seu nome é Lukman Ayodeji:

"Prince Lukman Ayodeji Wahab is an incarnate of the old Sango. He was blessed by Eledumare (God) the double power of the old Sango whereby he tells what the future is all about and revealed the vision of mankind. Prince Lukman Ayodeji was born in Oshogbo, Osun State of Nigeria in the family of late Baba Duro Ladipo in Osun State. He performs double wonders as the old Sango in Oyo Empire. 

Prince Lukman Ayodeji Wahab is the Director of the great Olukoso Centre for Arts and Culture and he is called Sango of Africa by the entire people of Yoruba land and Nigeria in general through his wonders and performances.

Prince Lukman Ayodeji Wahab a.k.a. Sango of Africa was born into the family of Pa and Mama Adigun of Ile Oderinlo, Gbemu of Oke-Baale Oshogbo, Osun State, Nigeria (incidentally, shared compound of Late Duro Ladipo) and Prince Lukman was born on 26th June, 1972.
He lost his father Pa Adigun at the tender age of 2 years, later attended Local Authority Primary School, Oluode, Oshogbo from 1978-1984, and Saint Charles Secondary School both in Oshogbo Osun State and also attended Federal Polytechnic Offa (Bus. Admin.).
At the age of nine (9 years), he was carried away by whirlwinds and later dropped back by whirlwinds in Akure, Ondo State after 27 days of different challenges at Orita-Metta where a naming ceremony was taking place, he went directly to the spot where some women were cooking food for the naming ceremony and drew some charcoal from the fire and started swallowing it, people were amazed to see such a strange thing. A man with summoned courage shouted at him to stop eating the fire, amazed with incident and that’s how his fire eating power begins.
When he later got home, his relatives were happy to see him back home but some were scared away with his appearance and they busted into tears. He was shocked and started emitting fire in his mouth. He later saw the spirit of his fore father which now cooled his temper and his palm which has been closed for so long was opened, there (in the palm) was a print (which symbolizes “Ose-Sango”) and since then all that came for his memory is fire and this led him to acting of Sango and led him to founding Sango Olukoso Art and Cultural Centre".



Com a apresentação dos fatos, não tenho intenção de ser o dono da verdade, mas minha intenção é despertar nos meus leitores a iniciativa de procurar nos locais certos sobre nossa cultura. Poderia citar diversos fatos de reencarnações, mas deixamos para que os irmãos tirem suas próprias conclusões.